04 setembro 2014

Não poderia ser diferente

Dava pra contar nos dedos as vezes que a viu. Tão poucas. Tão marcantes. Lembranças que voltavam com força, com cheiros, ares, lugares e uma biblioteca. Sim, uma biblioteca. Não poderia ser diferente, não teria razão pra ser. 

Sentou. A boca aberta, o olhar fixo e molhado pela fantasia, pela mente que voava e aterrizava, um encontro vital da emoção com a realidade, à flor da pele. Era assim. É assim que ele pensa nela. 

De repente, surgem a fila, os livros, as pessoas, o trânsito na saída e na entrada do lugar "mundo-livro". E surge o olho. Sim, brilhante, castanho e lindo, um rosto perfeito e único para aquele único olhar. E justo numa biblioteca! Justo na biblioteca. O tempo parou. Sim, às vezes, ele para, mesmo sem parar.

E a boca aberta e o olhar longe. Os lábios parados em sintonia com o horizonte de sonho e vida a sua frente. Os pensamentos em conflito com o coração que pulsa em ritmos diferentes. Constantes. Inconstantes. Sensação única. Amável. Adorável. Todos os adjetivos. E mais alguns.

Então, escrevia. Escreve. A leitura como presença de certa maneira. Hoje como ar, como lugar de aproximação da alma e do coração. A leitura aproxima. Aproxima-se, com a leitura, daquele par de olhos castanhos e luminosos, sobre a boca de lábios rosados e maçãs perfeitas do rosto. Por um instante, tudo parou. Talvez seja assim mesmo: o tempo para. Sim, ele para e congela nas lembranças. Traz cheiros, gostos, sensações e aquele olho, no tempo, no seu tempo... nas quatro estações.

Cleuber 

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