03 julho 2013

Colcha de Retalhos


Hoje lembrei de minha avó. Ela fazia colchas com retalhos. Colchas de retalhos. Eu ia com minha mãe visitá-la, ela morava um pouco longe de casa. Eu adorava ir lá. Quando a gente é criança a gente – acho – que gosta mais dos nossos avós, né? Depois a gente fica grande e vai conhecendo novos mundos, diferentes do mundo dos avós que os pais não suportam. Segundo estes, os avós deseducam seus filhos. Tem lá sua verdade sim, mas, de certa maneira, entendo que ser avô é reviver sua infância com os netos.

Pois bem, entre tantas coisas que eu adorava na minha avó, a colcha de retalhos que ela fazia e que ficava nos sofás da sala e no seu quarto, era o que eu mais adorava. Além da “jarra abacaxi” (aquela dos seriado A Grande Família). Mas isso é outra história. Voltando à colcha, eu ficava passando a mão entre as costuras e olhando os diversos retalhos que ela usava, enquanto minha mãe conversava com ela. A casa de minha avó era bem simples. E eu adoro o que é simples. Eram cores, desenhos, tamanhos, enfim, tudo junto e misturado. Isso tudo formava a colcha. Isso tudo era um monte de detalhes (costura e retalhos) que me transmitiam paz, aliado ao sol maravilhoso de uma tarde de outono. Certamente por isso que adoro o silêncio das tardes frias de outono, mas ensolaradas.
Numa dessas colchas de retalhos de minha avó e todos os detalhes que faziam parte de um conjunto de panos e tecidos que são uma arte, é que provavelmente contribuíram com essa visão romântica das coisas e do cotidiano, que não troco por nada. E talvez, também aí que nasceu meu desejo pela psicologia e as diferenças de um sujeito para o outro.

Por fim, uma colcha de retalhos é uma arte simples e requintada. Era a arte de minha avó. Que eu adorava e nunca mais esquecerei. Aliás, uma colcha de retalhos é uma ótima analogia para nossa vida, para nosso cotidiano. Experimente.

;) Cleuber Roggia

Nenhum comentário:

Postar um comentário