15 novembro 2013

Seguir em frente: uma corrida e tanto


Num rompante inscrevi-me na rústica no SESC, do Circuito SESC de Corridas, que se realizou aqui em Santa Maria. E fiz duas ótimas escolhas: uma foi correr e a outra foi ter escolhido o percurso de 5 Km. Havia o de 10, mas como tenho por hábito correr mais ou mesmo 5 a 6Km por dia, além dos testes físicos que me exigem, pelo menos, 3Km em 12 min, não tive dúvidas.
 
Acordei cedo, preparei-me psicologicamente, pois acho que concentração é tudo, além da parte física, e dirigi-me ao local, em frente ao meu quartel. Encontrei os amigos, ambos escolheram o percurso de 10Km, diferentemente de mim. Eles treinam esse percurso e são atletas de corrida, eu não, porém, para o que corro e como não sou atleta, acho que corro bem.
 
Havia bastante gente. Aquela música de academia e um sol bonito. O que atrapalhava, e atrapalhou, foi o vento. Haviam adolescentes, crianças, mães, pais, jovens, gente de todo tipo e idades. Gente pronta pra correr. Ansiosas. Tudo muito pronto e todos muito focados. Peguei minha camiseta, meu chip, que eu nem sabia que tinha (pra vocês notarem minha rotina de participações em corridas, hehe), meu número 762, por incrível que pareça o calibre do Fuzil que uso no Exército. E, claro, estava representando meu quartel com os amigos.
 
Aguardei minha largada aquecendo, pouco para não cansar, e observando as largadas masculina/feminina de 1, 2 e 3Km. Logo então, parti para minha vez, junto com a de 10Km, essa a que eu preferi não ter escolhido e acertei. O calor estava até que agradável, mas já incomodava um pouco. Sem sede, subi a Avenida Liberdade, escolhendo forçar na subida, como sempre faço. Fui ultrapassando competidores, sendo ultrapassado por outros e segui em frente, num ritmo forte, mas que estou acostumado. Logo algumas descidas próximas ao Avenida Tênis Clube e já estava passando o cruzamento com a Avenida Presidente Vargas. E eu continuava ultrapassando gente. E logo me dei conta que poderia cansar e muitos poderiam passar por mim, uma vez que não sou trainado para tal tipo de rústica, bem como poucas vezes na vida participei. Mas fui. Segui, olhando para frente e no ritmo de meu colega-atleta que fazia o percurso dos 10. Foi então que percebi que meu ritmo estava forte e me senti motivado. Contornei a rótula da Avenida Medianeira, e a subidinha da avenida de mesmo nome deu o alerta de que mais subidinhas teriam logo ali na frente, na Visconde de Pelotas, onde sou acostumado a andar: de carro. Ah, até então, nada de água, havia passado num ponto e não pego, pois não precisava.
 
Seguindo pela Visconde de Pelotas, alguns corredores me ultrapassaram e eu preferi relaxar na descida, mas sem perder o ritmo, e olhava de soslaio para seus números e imaginava suas idades, para ver se eram de minha categoria e percurso. Mas segui. Peguei água, me dei um banho, tomei um gole e molhei a boca. Refrescou. Mas o corpo sentia o esforço e emocionalmente me desconcentrei um pouco. Mas ergui a cabeça e segui. Antes de chegar no cruzamento, mais uma vez com a Presidente Vargas, resolvi caminhar uns 20m. Precisava respirar. Precisava me respeitar. Quando emparelhou a rua, aliviado, segui em frente, olhando para frente, nunca para o chão, para a moral cair. Quando ela cai, temos ainda 40%.
 
Mais água, mais subida. Agora eu estava precisando de um banho. O copinho de água foi o suficiente para molhar a nuca, a cara, e a cabeça. Agora sim melhorou. Percebi que ao final da última subida da Visconde, um garoto de uns 20 anos estava caminhando, cansado. Cheguei próximo dele e lhe dei um tapinha nas costas e ele respondeu correndo. E foi na minha frente. Uma força é sempre importante. O guri sumiu. 
 
Ufa! Começava a descida da Visconde e logo o início da Andradas. O fim estava próximo e me dei conta que o percurso era pra mim e não o de 10Km. Antes de chegar à Andradas, eu vi um competidor sem camisa, ele não era do meu percurso, e me dei conta que a camisa estava me atrapalhando. Pois dito e feito! Tudo melhorou e eu "me livrei" de um certo peso que a camisa molhada de suor e água estava me causando. Pude relaxar. Ao entrar na Andradas, um jovem de uma construção viu minha tatuagem no braço, do Inter, e gritou: "vamo colorado, não te entrega!". Agradeci sorrindo e isso foi mais um estímulo. Nesse momento percebi que corria do lado do cara sem camisa, e de outro que estava bufando. Bah! Disse que meu percurso era o ideal e percebi que eles eram o de 10Km. Disse a eles que seguissem. Dei força para o primeiro que tocou minha mão em agradecimento e acelerou para mais uma volta. O segundo estava cabisbaixo e eu lhe disse: boa sorte, siga em frente e não olhe para o chão. Ele o fez e acelerou. Eu fiquei feliz com aquilo.
 
Estava chegando nos últimos metros, mais ou menos 500. Até então eu não olhara para trás e emocional e fisicamente me sentia bem. E segui não olhando. Também percebi que pouca gente havia passado por mim mim, e alguns eram dos 10. Então acelerei. Cheguei aos 100m finais e escutei atrás de mim passadas fortes. Na minha frente não havia ninguém. As passadas aumentaram seu impacto ao solo e o som nos meus ouvidos. Acelerei mais ainda, como se estivesse iniciando a corrida e passei a linha de chegada. Pediram meu número, entregaram-me uma medalha de participação, o que me deixou felicíssimo e devolvi o chip. Era o fim da corrida e o início de uma surpresa para mim.
 
Tomei água, comi uma banana e fiquei aguardando os colegas terminarem seu percurso. Percebi que eu havia corrido bem, que pouca gente da minha categoria havia chegado na minha frente, que muita gente ainda não havia chegado e que minha largada forte foi muito, muito importante. Mas sobretudo o que mais foi importante, foi constatar e agradecer a Deus pela vida e pela saúde que tenho, além de meu rompante em escolher participar. Foi uma manhã maravilhosa. Escolhas. A vida é de escolhas.
 
Na minha categoria, 30-39, que eu acho até muito grande, pois há uma grande diferença entre 30 e 39 anos, fiquei em 10º e na geral em 43º. Ou seja: feliz, muito feliz. Realmente um orgulho para mim. Agora sei meu percurso preferido. Sei que não sou de elite, mas sei que pelo menos dos outros nove na minha frente, uns cinco são corredores de elite e isso me deixa muito mais feliz e certo da minha escolha.
 
Pretendo participar da corrida que dá início às festividades de reinauguração do Estádio Beira-Rio, de meu amado Sport Club Internacional, que se será no dia 1º próximo, na capital gaúcha. Apenas dependo de um detalhe, mas nada demais. São percursos de 4 e 8Km. Ainda tenho que decidir qual escolher. Mas acho que vai ser o de 4 Km.
 
E esse foi meu post que, pra mim, tem a ver com livros. Você me perguntará por qual motivo e eu responderei que graças à leitura, além de muitas outras coisas, amigos em especial, minha concentração melhorou muito. Ainda mais pra mim que adoro falar sobre concentração, pois minha monografia foi sobre isso, em psicologia do esporte.
 
Até! ;)
 
 

Ah, claro. Após o almoço eu tomei um sorve para repor as energias.





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