27 setembro 2013

Um minuto

Fonte da imagem: www.joslavieroeguedes.com.br
Estava lendo. Parou. Fechou os olhos. Viajou. Imaginou a cena que há pouco havia lido. Apagou. Sentiu cheiros. Ouviu vozes. Escutou os diálogos. Enxergou as faces dos personagens. Viu o bater de asas da criatura mitológica. Era uma estória fantástica. Uma fábula. Uma leitura e tanto. Cheia de personagens diferentes uns dos outros, mas muito parecidos em se tratando do mundo em que pertenciam. Sentia o vento que as asas douradas e largas da criatura faziam ao passar por cima de sua cabeça. Sim, ele estava lá. Na estória. Era um dos guerreiros. Aflito, tentava correr. Sentia sede. Estava com fome. Cansado. Apavorado e, ao mesmo tempo, vidrado com um mundo cinza de guerra, mas colorido pelas bolas de fogo das enormes catapultas. Tropas. Guerreiros. Cavalos. Lanças. Flechas. Um mundo que ele jamais imaginaria visitar. Mas visitou. Andou. Correu. Protegeu-se. Atacou. Foi atacado. E continuava aflito. Continuava sem saber o que ali fazia, mas se sentindo dono daquilo....
 
... E acordou. Voltou para seu mundo. Havia caído no sono, após mais de uma hora de leitura. Cansado de um dia trabalhoso e de muito stress, chegou em casa e foi ler, para relaxar e desfrutar de seu prazer pela leitura. Foi isso. O dia. Sonhou. Um minuto somente. Mas sonhou. Como os sonhos são uma manifestação límpida e clara do inconsciente, somados aos resquícios do dia e a toda uma história de vida, jogou-se, sem querer, mas desejando (sonho é desejo) estar um dia num mundo em que imaginava ao ler. Sim. Estava lendo e, portanto, viajando.
 
Só que o livro que estava a ler era de romance e não tinha nada a ver com um mundo mitológico. Que coisa, não?! Pois é. Havia sonhado. Lembra? No sonho há o caos e no caos não há ordem. Há, sim, desejos. O sonho é atemporal, por isso você vaga de uma cena a outra. Volta e vai. Vai e volta. Fica. Sai. Corre. Grita. Chora. Está na praia e logo em seguida na rua. Isso é o sonho. Isso é o inconsciente. Eu acho magnífico, apesar de ser caótico. Ou melhor, por ser caótico, eu acho magnífico. Seu sonho diz muito de você, sabia? Somente de você.
 
Já dormiu enquanto lia? Sonhou depois que leu?
 
Até!



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