02 setembro 2013

Roube-me por um sorriso


Ontem eu encerrei a leitura de A Menina que Roubava Livros. E digo: emocionei-me. Olha que sou meio durão com isso, nada de diferente de todo e qualquer homem que aprendeu, desde pequeno, que homem não chora. Todo bom livro tem que emocionar. Esse foi demais.

A doçura da história, do seu início ao fim, com a narrativa aproximada e, arrisco-me, meiga da senhora morte que todos tememos, deixa a leitura agradável. Diria até que a personificação da morte pelo autor é importante para que se tenha um outro conceito da mesma. Porém, esse não é o objetivo deste post. Portanto, num pulo, vamos falar de vida.
 
A roubadora de livros é uma menina inteligente, sensível, perspicaz e doce. Muito doce. Impossível não imaginar, praticamente enxergar, seus dedinhos e seus olhinhos fazendo uma linda dupla na linhas das páginas dos livros que roubava. Impossível não imaginar ela esticando-se nas janelas, nas estantes para surrupiar com seus dedinhos, livros que escolhia, junto com seu nobre amigo.

Dentro das mais de quatrocentos e cinquenta amáveis páginas, impera a ternura, mesmo em personagens mais rudes, como a mãe adotiva da menina. Claro, Hitler e seus fanáticos, lunáticos e psicóticos soldados só assim devem ser citados. Nem personagens se pode considerá-los, até seria um desrespeito ao leitor e à raça humana.

Mas voltando aos ternos personagens, o pai adotivo da linda ladra de livros, era o mais caro. Caríssimo. Amável. Afetuoso. Amoroso. Eu parava para ficar pensando, e até tentava vivenciar a cena quando ele dava uma piscadela para a menina, quando esta tinha que aguentar o mau humor da mãe. Também, eu ficava a mexer nas minhas sobrancelhas como eu entendia ao ler, com olhares atravessados como se a menina estivesse ao meu lado. E eu sorria. Suspirava. E fique feliz quando entrou no meio da história um significativo acordeão. Sim, pois meu pai tocava docemente antigas músicas, valsas e alguns xotes, quando chegava do mecânico e orgulhos trabalho de sua oficina mecânica. Confesso que no início, quando fui apresentado à música do pai, eu não gostava muito, mas quando eu percebi que aquilo era algo que ele adorava e vibrava, tudo mudou. E eu sentava ao seu lado e acompanhava a melodia, por vezes com erros nas notas, como o pai da menina também errava. E eu sorria. Nunca mais esqueci seu rosto, caras e caretas emocionado ao passar os dedos nas teclas e apertar os baixos. Nem poderia. Hoje faz cinco anos que ele partiu em paz. Um beijo, meu amado pai.

A Menina que Roubava Livros é um livro de muita emoção.
Eu o adotei.
Cuidei.
Como os pais adotivos adotaram a menina.
 
Esse é um dos livros que nunca, nunca acaba. Um livro que ensina. Que me ensina. Um livro que faz bem em todos os sentidos. E serve para todas as idades. Eu leria ele se tivesse um milhão de páginas. Nunca me senti tão próximo de uma história como essa. Palavras, frases, linhas, páginas e a morte de “dona” da narração. Pois é... até a morte parecia doce. Pelo menos me pareceu na narração.

Menina ladra de livros que roubou meu tempo, minhas horas, meus intervalos, meus dias, noites e manhãs. Volte. Roube de novo. Roube-me! Minha janela estará sempre aberta para você escolher na estante o livro que desejar e espalhar pelo mundo seu dom. Só lhe peço uma coisa: traga seu sorriso e me presenteie com ele. Estou esperando.

Um até!

Cleuber ;)

PS.: estou lendo O Encantador. Uma encantadora indicação. Depois eu conto. Mas estou adorando.


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