20 setembro 2013

Onde está seu oceano?

Na WIKIPÉDIA diz: As fábulas (do Latim fabula, significando "história, jogo, narrativa", literalmente "o que é dito")1 são uma aglomeração de composições literárias
em que os personagens são animais que apresentam características humanas,
tais como a fala, os costumes, etc. Estas histórias terminam com um ensinamento
moral de caráter instrutivo.2 3 É um gênero muito versátil, pois permite
diversas maneiras de se abordar determinado assunto.
 
Com chocolate para a leitura ficar mais doce!. #leituradeintervalo
O que falar de O Oceano no Fim do Caminho? Como se trata de uma fábula, eu posso escrever aqui tudo o que de mágico achei no livro. Eu gosto muito de estórias fantásticas, mas que, claro, não sejam algo do tipo uma fantasia 100%. O que me cativa, se assim posso dizer, ou me chama a atenção, me deixando com os olhos bem abertos e fixados nas páginas dos livros fantásticos, é a capacidade de mesclar a realidade e a fantasia. Tipo assim: gosto de filmes tipo o Homem-Aranha, que unem essa coisa de tu projetar no super-herói aquilo que tu gostaria de fazer e poder fazer, até porque eu, sinceramente, fã de Homem-Aranha fico vidrado quando ele passeia pelos arranha-céus da cidade, feliz. Noooossa!
 
O livro conseguiu mexer comigo (se bem que sou suspeito em falar, uma vez que gosto de livros assim), como A Menina que Roubava Livros. Ambos tem como personagens principais crianças. E eu acho especialmente interessante esse mundo infantil, pois é nele que construímos nossas vidas, o alicerce delas. Impossível, para quem lê o livro, não lembrar de sua infância, de suas brincadeiras, de suas invenções. Enquanto crianças, podemos ser tudo o que imaginamos. Ué, mas e como adultos não? Claro que sim. Os livros nos permitem isso. Uma vez criança, sempre criança.
 
Eu tenho como convicção de que a vida nunca se acaba e essa nossa vida curta, passagem por esse mundo que Deus nos deu, se inicia na infância e nossa infância segue, mais madura, é verdade, ou seja, no mundo dos adultos. Esse mundo tão cheio de racionalidade e tão temível à emoções. Sim, muita gente nega, resiste, defende-se, é da fase adulta tudo isso. Mas, pra mim, um adulto é apenas uma criança-grande. Não lembro do autor da teoria, posso assim dizer, mas um psiquiatra, psicanalista de crianças, disse, mais ou menos assim e isso me tocou muito, enquanto atendia aos pacientezinhos que apareciam no meu consultório: o adulto trabalha como brincava. Vamos fazer um exercício rápido aqui: você lembra como era sua atitude ao brincar só ou com seus amigos? Você era gentil, carinhoso, egoísta, agregador, líder, ético, disciplinado, bravo, o que você era? E como você é hoje? Consegue associar suas atitudes adultas no trabalho como brincava quando criança? Alguns podem negar, resistir. Eu sei... adultos.
 
Eu adorei o livro. Um mundo à parte. Quem não tem um mundo que caminha paralelo ao seu mundo? Quem não brinca, não fantasia, não dá vida a seres inanimados ou voz e personificação aos animais? Sabe porque isso? Não se preocupe, relaxe. Quem ama, consegue tudo isso sem perder a linha que o encaminha na vida e o leva para o caminho do bem. Uma fábula nos faz pensar e repensar muitas coisas, mas muito mais ainda, nos faz reviver aquilo que está sempre dentro de nós e muitas vezes negamos, com receio do julgamento do outro: e o que está sempre dentro de nós é aquela criança lããããã do começo que hoje está crescida, amadurecida e amadurecendo, mas nunca deixará de ser quem foi, porque simplesmente É. A propósito: se você é daquelas pessoas que se preocupa muito com o que os outros vão pensar de você, será que você está vivendo a sua ou a vida dos outros?
 
Eu não havia lido Neil Gaiman, e gostei muito de sua escrita. Eu gosto muito desse tipo de escrita. Faz viajar. Faz vivenciar. Faz entender que cada um é cada um no seu mundo e que esse mundo é só seu. Oceano no Fim do Caminho é, sem dúvida, um dos meus favoritos, uma das melhores leituras do ano. Sinceramente, o livro mexeu comigo e eu espero que mexa com você. E se já mexeu com alguém, conta aqui, viu.
 
Fábulas... tenho comigo um livrinho de bolso, capa dura, da minha infância, na foto aí ao lado. Eu adorava ler ele. Capa dura, pequenino para caber na mão infantil. Com ilustrações. Esse aí era uma coleção Os Mais Belos Contos Infantis. Acho que os demais se perderam, talvez. Especificamente, esse é sobre Pinóquio.
 
Por fim, a infância é algo tão maravilhoso que é capaz de transformar um lago num oceano cheio de ondas, onde se viaja e se veleja. Onde também pode ser um lugar de renascimento, bem como um refúgio, um lar. Um lugar. Um lago com gosto salgado do mar. Um lago que significa algo. E tudo na vida tem um significado e tem um motivo. E isso é a infância. Fantasiar, projetar, brincar é andar para frente, caminhar no sonho e rumo aos novos sonhos. Ir, voltar, pensar, sonhar. Chegar até o fim do caminho que, de fim, não tem nada. Você sabe onde é o começo da vida e o seu fim? E tem início e fim? Ou será uma continuidade?
 
- É só faz-de-conta, na verdade - falei, sentindo como
se estivesse acabando com o encanto da infância
ao admitir aquilo. - Se lago não é um oceano.
Não pode ser. Oceanos são maiores que mares.
Seu lago é só um lago.  - Ele é do tamanho
que precisa ser - disse Lettie Hempstock. (pag 130)
 
Onde está seu oceano? Não tem um? Duvido. Você tem sim. Pense. Resgate-o. Cada um tem o seu.
 
Tá esperando o quê para ler o livro? (clique e compre aqui)
 
Até! #leituradeintervalo
 
 
 

2 comentários:

  1. Se você é suspeito a falar a respeito de Neil Gaiman querido Cleuber, imagine eu que sou fã do cara desde a primeira frase por ele escrita tive a oportunidade de ler! Mas devo admitir que dos livros dele, este foi o segundo que mais mexeu comigo. Se lermos com atenção podemos apreender uma serie de mensagens que o autor quis passar. Um livro tão pequeno com tão profundo significado. Classificá-lo como uma fábula foi o casamento perfeito com esta estória, é impressionante como o autor conseguiu escrever de forma tão real e profunda, uma narrativa na perspectiva de uma criança. Concordo com você, um dos melhores livros do ano! Ótimo comentário, ou devo classificá-lo como resenha? Parabéns pela escrita, e pelo blog! Ambos estão cada dia mais aprimorados :D

    By: Fabi (@papo_literario)

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    1. "Mas devo admitir que dos livros dele, este foi o segundo que mais mexeu comigo"... e comigo mexeu muito, também, Fabi! Sabe, sim, para mim é um dos melhores livros do ano, pois é tão bom de ler que tu não consegue parar. Dá um misto de sentimentos e lembranças e expectativas a respeito de o que vai acontecer. Impossível não mexer com alguém. E, sinceramente, acho que meu post não é uma resenha, mas um opinião a respeito do que senti pela leitura e todo o conjunto da obra. Obg pela vista e pelos comentários. ;)

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