Ontem eu
encerrei a leitura de A Menina que Roubava Livros. E digo:
emocionei-me. Olha que sou meio durão com isso, nada de diferente de
todo e qualquer homem que aprendeu, desde pequeno, que homem não
chora. Todo bom livro tem que emocionar. Esse foi demais.
A doçura
da história, do seu início ao fim, com a narrativa aproximada e,
arrisco-me, meiga da senhora morte que todos tememos, deixa a leitura
agradável. Diria até que a personificação da morte pelo autor é
importante para que se tenha um outro conceito da mesma. Porém, esse
não é o objetivo deste post. Portanto, num pulo, vamos falar
de vida.
A
roubadora de livros é uma menina inteligente, sensível, perspicaz e
doce. Muito doce. Impossível não imaginar, praticamente enxergar,
seus dedinhos e seus olhinhos fazendo uma linda dupla na linhas das
páginas dos livros que roubava. Impossível não imaginar ela
esticando-se nas janelas, nas estantes para surrupiar com seus
dedinhos, livros que escolhia, junto com seu nobre amigo.
Dentro
das mais de quatrocentos e cinquenta amáveis páginas, impera a
ternura, mesmo em personagens mais rudes, como a mãe adotiva da
menina. Claro, Hitler e seus fanáticos, lunáticos e psicóticos
soldados só assim devem ser citados. Nem personagens se pode
considerá-los, até seria um desrespeito ao leitor e à raça
humana.
Mas
voltando aos ternos personagens, o pai adotivo da linda ladra de
livros, era o mais caro. Caríssimo. Amável. Afetuoso. Amoroso. Eu
parava para ficar pensando, e até tentava vivenciar a cena quando
ele dava uma piscadela para a menina, quando esta tinha que aguentar
o mau humor da mãe. Também, eu ficava a mexer nas minhas
sobrancelhas como eu entendia ao ler, com olhares atravessados como
se a menina estivesse ao meu lado. E eu sorria. Suspirava. E fique
feliz quando entrou no meio da história um significativo acordeão.
Sim, pois meu pai tocava docemente antigas músicas, valsas e alguns
xotes, quando chegava do mecânico e orgulhos trabalho de sua oficina mecânica.
Confesso que no início, quando fui apresentado à música do pai, eu
não gostava muito, mas quando eu percebi que aquilo era algo que ele
adorava e vibrava, tudo mudou. E eu sentava ao seu lado e acompanhava
a melodia, por vezes com erros nas notas, como o pai da menina também
errava. E eu sorria. Nunca mais esqueci seu rosto, caras e caretas
emocionado ao passar os dedos nas teclas e apertar os baixos. Nem
poderia. Hoje faz cinco anos que ele partiu em paz. Um beijo, meu
amado pai.
A Menina
que Roubava Livros é um livro de muita emoção.
Eu o
adotei.
Cuidei.
Como os
pais adotivos adotaram a menina.
Esse é
um dos livros que nunca, nunca acaba. Um livro que ensina. Que me
ensina. Um livro que faz bem em todos os sentidos. E serve para todas
as idades. Eu leria ele se tivesse um milhão de páginas. Nunca me
senti tão próximo de uma história como essa. Palavras, frases,
linhas, páginas e a morte de “dona” da narração. Pois é...
até a morte parecia doce. Pelo menos me pareceu na narração.
Menina
ladra de livros que roubou meu tempo, minhas horas, meus intervalos,
meus dias, noites e manhãs. Volte. Roube de novo. Roube-me! Minha
janela estará sempre aberta para você escolher na estante o livro
que desejar e espalhar pelo mundo seu dom. Só lhe peço uma coisa:
traga seu sorriso e me presenteie com ele. Estou esperando.
Um até!
Cleuber
;)
PS.:
estou lendo O Encantador. Uma encantadora indicação. Depois eu
conto. Mas estou adorando.
Nenhum comentário:
Postar um comentário