07 junho 2014

UM BARCO. VERMELHO. CAPITÃO. UM ÚNICO CAPITÃO.



É, talvez não chegaríamos, nós colorados, no topo do mundo, se Fernandão não tivesse acreditado no projeto de Fernando Carvalho, quando este foi buscá-lo em Goiânia, para aceitar a proposta do Sport Club Internacional.
 
Elegante. Sim, Fernandão sempre foi elegante fora das quatro linhas, mas, sobretudo, dentro delas. Homem de caráter, personalidade e inteligência diferenciadas, desfilava com e sem a bola, dentro e fora de campo. No tapete verde do histórico gramado do Beira-Rio, ensinou a muitos como se joga futebol de verdade. No estádio do Inter, eternizou conquistas, títulos, vitórias, marcas, seus gols e, agora, sua alma. Sua casa, é o Inter, Fernandão. Sempre foi.

Realmente é muito difícil acordar e se deparar com uma notícia tão triste, tão chocante para mim, e para o futebol, certamente. Fernandão, ídolo colorado, deixa-nos cedo. E quando um jovem, muito mais um ídolo, morre, morremos um pouco. Cada um de nós morre um pouco. Mas a vida venceu a morte, está na bíblia. Nos restam as memórias e a fé, o que temos de mais valioso.

O barco vermelho do Inter, talvez, nunca será capitaneado com tanta maestria, seja nos ventos favoráveis, ou não. Seja em águas densas, profundas, ou rasas. Um verdadeiro capitão é um líder, e suas conquistas, seus mares alcançados, Fernandão, estarão para sempre em nossos corações.

Tive o prazer de presenciar ao vivo, no glorioso Beira-Rio, as duas conquistas da América. Mas, certamente, a primeira Libertadores, não poderia ser diferente, se não extremamente marcante. Eu estava lá. Eu vi Fernandão marcar o primeiro gol. Tinha que ser ele! Saiu correndo para a arquibancada, com os braços abertos, como se velas fossem de um barco em mar lindo e aberto. Vi seu choro, suas lágrimas, e as nossas. Vi a torcida delirar, gritar e acreditar cada vez mais no que logo seria o triunfo colorado. Vi também Fernandão enxergar Tinga livre, sozinho, em frente ao gol do grande Rogério Ceni, e o “ajudei”, com meu coração, com meu desejo e torcida, Fernandão cruzar e Tinga marcar o segundo e definitivo gol do título. Eu e meus amigos estávamos lá.

Vi o eterno capitão iniciar sua vida vencedora no Inter, ao marcar o milésimo gol em grenais, logicamente contra o fabuloso tricolor também campeão do mundo, que hoje chora a morte de um ídolo dos gramados. Vi Fernandão ser o capitão de um time que não teve medo do majestoso e vitorioso Barcelona. Do futebol do maravilhoso Ronaldinho Gaúcho, do discreto Xavi, do poderoso Pujol, dentre outros. Vi, sorrindo, Fernandão erguer a taça, lá em Yokohama, e fazer feliz sua nação vermelha, orgulhar um estado com um título por muitos cobiçados, e dar alento a um país que almejava o hexa, e que ficou nas quartas-de-finais da Copa do Mundo de 2006, diante da poderosa França.

Fernandão veio para este mundo para ser líder e ídolo. Meu pai gostava dele. Quem não gostava? Amigos e amigas gremistas gostavam do jogador charmoso e exemplar pai de família. Hoje choramos, Fernandão, sua partida, mas certos de que uma braçadeira lhe espera no céu. Serás capitão eterno de parte dos anjos, dos nossos, de todos que partiram.

Cavalheiro. Um guerreio. Companheiro e líder. Amigo e atleta. Humano. Um completo atleta. Num ano de Copa do Mundo, deixa os dias do futebol mais triste, infelizmente. Tudo muda. Nós mudamos. Mas a fé me faz crer que, se uns morrem, é para que outros vivam e Deus sabe muito bem o que faz. A morte, temerosa, é uma passagem, um passo a mais que a vida dá, para a vida.

Meus pensamentos, capitão, neste dia, estão contigo e com sua linda família, bem como junto daqueles que choram tua, tão difícil de aceitar, partida.

E, sim, ídolos não morrem. Ídolos vivem e sempre viverão. Você foi cedo, parte cedo. Não gostaria. Ninguém gostaria. Mas é aí que está um mistério da vida e, por isso mesmo, devemos valorizá-la cada vez mais, como Fernandão o fez.

Querido capitão, muito obrigado pelas alegrias que deu a mim e à nação colorada, que hoje chora e não compreende sua morte. Que Deus lhe receba com todo seu amor, e proteja sua família.

Ah, capitão... eu aia esquecendo:

Ooooooo, vamo vamo, Inter; vamo vamo, Inter; vamo vamo, Inteeeeeeeeeeer. Oooooo... (seu grito ecoará para sempre).

Cleuber Roggia – sócio colorado desde 2004.

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