30 outubro 2013

Coragem, lealdade e Mario Vargas Llosa

Duas linhas paralelas, em tese, encontram-se no infinito, certo?
Envolvermo-nos com os problemas dos outros, em tese, nos tira do rumo dos nossos, certo?
Ficarmos apreensivos e angustiados com o que nos assombra, desconcerta-nos, certo?
Essas são algumas questões, das milhares que podem ser elencadas, por nós mesmos, cotidianamente e para quem lê o especial romance de Mario Vargas Llosa. Tenho pra mim que muitos irão ler essa obra e se encher de perguntas. Mas muito mais ainda ficarão angustiados, apreensivos, surpresos, dentre outros, com as intrigas, idas e vindas, traições, em particular as traições que a obra de Mario aborda. E alguns ou muitos alguns se enxergarão no livro.
 
A obra é uma novela bem novela mesmo. As cenas, os personagens, os lugares, o mapa que é descrito, tão bem descrito, das cidades de Piura e Lima, bem com do país que é o Peru, deixam o leitor próximo, muito próximo e íntimo da estória dos protagonistas. E dos protagonistas. Isso não quer dizer que os coadjuvantes não sejam tão importantes quanto. Demais, até.
 
O recém-lançado O Herói Discreto (clique e compre o livro) é um espelho, realmente um reflexo completo do cotidiano social e da intimidade de lares e lugares da vida atual. Cabe perfeitamente na nossa barbárie sociedade. Foi um achado na Livraria Saraiva, na amada Porto Alegre, quando estive por lá há pouco dias. Eu o enxerguei e o comprei. Aquela química, entende, de leitor de livros, para não dizer viciado. Já percebi que alguns amigos do Instagram também já o compraram e estão adorando.
 
Recomendo a leitura, definitivamente uma leitura e tanto. Sabe aquela leitura de qualidade, de um livro, de um autor? Pois é. Bem essa. Agora, cá pra nós, né, eu até acho um desrespeito meu recomendar Mario Vargas Llosa, como se precisasse eu recomendar. Uma pretensão daquelas. Mas não levem por disparate. Por favor!
 
Acabei por ficar muito íntimo dos personagens, até acho que isso ocorre muito com quem lê. E nessa intimidade, naturalmente, acabei tirando partido por esse ou por aquele. E sabe que nessa coisa toda, me deparei que o livro realmente cabe tanto na realidade que é impossível não se identificar com questões éticas e morais e, por vezes, questionar atitudes e decisões e entender e ter que “engolir” algumas opiniões. Llosa é um gênio! Nada que ninguém não saiba.

"De que me adiantou ter este pequeno refúgio de livros,
gravuras, discos, todas estas coisas bonitas, refinadas,
sutis, inteligentes, colecionadas com tanto esmero,
julgando que aqui neste minúsculo espaço de civilização
eu estaria defendido contra a incultura, a frivolidade, a estupidez e o vazio?"
.....................
"A barbárie acaba arrasando tudo".
(pag 181) - Rigoberto, um personagem

Se senti raiva? Senti. Se percebi injustiça? Percebi. Se senti desejo? Senti. Se senti tristeza e alegria? Senti. Se senti alívio? Senti. Se senti persecução? Senti. Puxa vida! Senti tudo isso. Inclusive senti um certo cansaço em certo momento, principalmente quando a estória estava meio enrolada, mas muito mais ainda quando ficou angustiante e aquela coisa de tu não conseguir perceber como referido personagem iria se desvencilhar. Talvez eu tenha me apavorado com isso e eu me enrolado, eu e meu inconsciente. Mérito do autor. De quem nasce para escrever.


 
Espero que eu tenha passado alguma coisa boa do livro, nesse simples post. Realmente espero mesmo. Até porque o “carro-chefe” do livro, com mil perdões pelo bordão, diz muito da ética e da moral de cada um. Convicções, aprendizados, ensinamentos, a (d)pura realidade, o cotidiano (isso eu adoro), as entrelinhas, as artimanhas, as intrigas, as fantasias, a hipocrisia, a demagogia, um misto de sensações e sentimentos, uma novela emocionante sem ser agressiva. Leia, com todas as letras.

Duas vidas. Dois homens. Sua coragem e sua lealdade. Suas estórias e uma única estória.
Até! ;)
 
 


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