Confio nas promessas arrebatadoras do verso
que ainda respira, que ainda gira, meu rosto está
molhado de lágrimas, meu coração explodindo
de felicidade, e sei que essa felicidade é a melhor
coisa que existe na terra.
Vladimir Nabokov, “Fumaça Entorpecente”
(In O Encantador, de Lila Azam Zanganeh)
Escrevi
algo a respeito do livro que acabei de ler. O Encantador é um
livro que me identifiquei muito, uma vez que aprecio os detalhes das
coisas, em especial do cotidiano. Sinceramente, eu não tenho muito o
que falar, mas é pelo justo motivo de que tenho, sim, o que sentir.
E senti. Portanto, sou até suspeito.
O livro,
naquilo que a autora espremeu e sensivelmente retirou das palavras e
da alma de Nabokov, e discorreu, é um sentir lendo. Um lendo,
sentindo. Um sentir. Uma leitura que em cada linha, em cada página
(aqui posso estar sendo repetitivo), traduz as “partículas” de
felicidade que Nabokov tão bem conseguiu extrair do universo em que
pertencemos e traduziu no melhor dos sentimentos: a felicidade.
Sim,
mas o que é felicidade? Quer saber mesmo? Para mim, felicidade é
tudo. É o agora. É cada momento. É o bater de asas de uma linda e
dócil borboleta. É o não bater de asas também. É o pouso e o voo
dela. São a mistura das cores das lindas asas de borboletas
silvestres, cores que você não consegue pintar sem dispor de um
grande tempo e habilidade.
Felicidade
também é o apito do trem ao longe, o vento que refresca seu rosto
no forte calor, a gota d'água que cai da chuva e te molha sem pedir.
É o calor do sol que ilumina seu dia de domingo, seu sábado
perfeito, seu cotidiano cheio de gente e de coisas. É também o
chorar e o se irritar.
“A
felicidade em Vladimir Nabokov
é um
modo singular de ver, maravilhar-se
e
entender, ou, e outras palavras, de enredar
as
partículas de lucidez piscando ao nosso redor”.
(O Encantador, pag 20)
Felicidade
é o bater de cascos dos cavalos no campo. A poeira que levanta ao
passar um automóvel. A brisa que faz com que seus cabelos batam no
seu rosto, e cubram seus olhos e, delicadamente, com uma das mãos
você tenha que charmosamente retirá-los, para poder enxergar a vida
que há em tudo que neste mundo existe. Sim. A vida de uma planta, de
uma flor que colore os jardins das residências, das ruas, dos
calçadões. A vida que nas relações, nas paisagens, na união dos
elementos terra, água, ar e fogo.
Felicidade
é conversar, dialogar, ir ao cinema, sair e rir com seus amigos.
Comer pipoca. Também é discutir, bem como entender as diferenças.
Saber que você não é o único no mundo e que este não gira ao seu
redor. É saber que sempre, sempre alguém te enxerga. Sempre alguém
te olha. Sempre tem algum pensando em você. Está pensando em você,
agora e você em alguém também.
Felicidade
é saborear os melhores pratos e aquele bolinho que sua avó ou sua
mãe faziam e você comia com açúcar, e voltava correndo brincar. É
sentir o gosto. O cheiro. Provar o novo. Arriscar o novo. Passear
pela culinária das regiões do país, mesmo num único lugar. Viajar
pelo mundo ou mesmo perto. Aproveitar a viagem não somente quando
chegar ao lugar pretendido, mas aproveitar desde o início, todo o
trajeto. Viajar sem se mexer.
“Porque
cada imagem perdida
é uma
ocasião desperdiçada
para se
encontrar a felicidade”.
(O Encantador, pag 20)
Felicidade
é aprender e saber que se aprende com todo mundo e que também se
ensina, em todos os momentos. Aprende sim. Seu colega de trabalho ou
de aula te ensinam. É saber que a vida é um presente de Deus e que
Ele está presente em cada um de nós, e por isso podemos dizer que
estamos entusiasmados. Sim, entusiasmado é quando a gente está
cheio de Deus. Pleno de Deus.
Felicidade
é agora enquanto você lê este post. É olhar para você e
sua vida. Olhar para seu colega de trabalho, amigo, amiga, familiar,
quem quer que seja que esteja passado em sua frente. É desfrutar do
agora. É o agora.
Felicidade
é ter fé. Ter paciência. Exercitar a paciência. Ter e buscar a
calma. Esperar. Escutar. Escutar as vozes que não falam. Escutar sem
ouvir. Escutar os sons que não são comuns ao cotidiano, mas também
os comuns. Escutar no silêncio. Escutar o silêncio. Ler um olhar.
Escutar pelo olhar. Esperar. Fé. Muita fé.
Eu
ficaria falando ou escrevendo sobre isso por horas. Certamente você
percebe que acima coloquei algo sobre algumas situações, mas você
pode fazer bem diferente. Pode pensar outras maneiras de enxergar a
felicidade. Nabokov caçava borboletas. E eu imagino o brilho dos
seus olhos. Ontem eu cacei também, não como ele, mas arrisquei
perseguir algumas e achei brancas e coloridas e até o doce e
romântico ensaio de um “namoro” entre dois desses seres tão
pequenos, mas tão lindos. Eu não prestava atenção às borboletas,
confesso. Mas se um ser tão delicado e pequeno pode te fazer tão
feliz, e provocar teu riso, imagino muito mais que a vida oferece.
Acho engraçado... e fico rindo comigo. Gostei de caçar borboletas.
Vamos caçá-las?
Para mim,
o livro é isso. Isso! E isso é felicidade. E eu não li o livro. Eu
senti.
Muito bom quando a gente sente um livro!!!
ResponderExcluirFelicidade é tudo aquilo que nos faz bem!
Felicidade é ser vc msm!!!
Bjooooos
muitospedacinhosdemim.blogspot.com.br
Definiu muito bem: ser vc mesmo! Obg sempre Fernanda! bjo
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